1. |
Distopia
04:35
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Distopia
(João Guilherme Dayrell)
Foi sugerido o esforço e um sorriso a zelar
Que o vício traga conforto e as cinzas mostrem o mar
Vem da janela a razão e o inverso é me ver
No espelho de suas mãos, no rosto do desprazer
- O que eu vejo é um mundo sem nossas mãos
- O que eu vejo é o que você ainda vai ver
Ela secou com um riso pálido o meu jardim
- Uma distopia tão clichê e vazia assim
Foi sugerido o esforço, sem ironizar
A afirmação traz o inverso: espinhos feitos de ar
A lembrança é amarga, a rotina engrossa o tom
Eu pergunto se estou em algum jogo?
Onde está meu lugar?
- O que eu vejo é o claro caindo das mãos
- O que nós vemos serão sempre impressões
Ela alertou que o desencontro não estava aí
E um outro café regará o meu jardim
Ela mentiu sobre reencontrar
E sorriu sem desafiar
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2. |
Vai Ver
04:02
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(João Guilherme Dayrell)
Retira o olhar sobre os homens de bem
Faz festa no suor de quem for
Quis ser ingênuo, sem rancor
Burrice é querer ver mais além
Era mudo o sol sem cor
Sorria e apertava as minhas mãos
Confortava-me no seu pudor
Que se encontravam anos depois
Vai ver eles cortaram as minhas mãos
Vai ver o caos chegou ao fim
Nunca foi interessante dizer não
Vai ver...
Caminhar sem qualquer lucidez
Livrar-se do tédio e da nossa dor
A falta de caráter não convém
Nada que nos faça rir anos depois
É irônico sempre sorrir
Agora quem te viu me vê
Transformar não é parar de fingir
É que você ainda não entendeu
Vai ver eu não cortei as minhas mãos
Vai ver o acaso é sempre o fim
Ainda não é interessante dizer não
Vai ver...
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3. |
Volta de São Paulo
05:36
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(João Guilherme Dayrell)
E é só...
o que resta de mim é você
O que sobra de nós é o que me faz ver
Que a dor é mais que o fim
Foi aceitar que o mar guia o barco
E o tempo escolhe se usa o nosso guidon
O meu maior medo é um dia ficar cego
O segundo era o que agora somos nós
Ela ensaia um réquiem em sol
E eu falo das bobagens daqui
que a vida pode ser o que não foi
Cria-se um nome pra existir
E é o sol
que a fumaça esconde aí
O tempo que repartiu o medo
Quando este viu a razão de existir
Pela estrada ia atrás de uma alegria póstuma
O fato é que nem se sabe se algo morreu
Que trato não espera para um dia ser quebrado?
E o tempo ainda diz o que agora somos nós
Ela senta ao ouvir minha voz
E eu falo o que só se pode sentir,
que o mundo não foi feito pra nós
e que há de haver acasos que nos façam sorrir
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4. |
A Casa e o Sol
02:45
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(João Guilherme Dayrell)
Vejo estarem longe as rugas
E um espelho a primeira vez
As tardes não terminam
e o universo não tem tradução
Vai demorar pai, até chegarmos lá?
E a noite vem uma saudade do que eu não vivi
Era só ver, viver, versar
Era tudo em seu lugar
perto de mim
Correndo de explosões em fugas
fantasmas e caminhões
Fazia feito filme feliz
a minha compreensão
A casa e o céu e a rua e os pés nus no chão
era silêncio até que o tempo quis andar
e ele não nos trouxe pelas mãos
e eu já pisava em outro chão
era da saudade aquele lugar
onde ninguém mais poderia estar
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5. |
Novena (Duas Vozes)
04:43
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(João Guilherme Dayrell)
- São verdes as tardes sem o teu zelar
Seu humor que não nos iguala, e mesmo assim
Traz na fala um falso “se importar”
Insistindo em tudo o que eu não sei
-Era próprio dos loucos tais reclamações
Fruto de poucos, após festejarem
Como aqueles sem instrução
como os que querem nos derrubar
Uns querem a luta pra cantar
Outros querem a mesma pra permanecer
Prepara o terço, a reza, a voz é o estopim
Que é pro breu escondido chegar sem fim
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6. |
Babel
03:45
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(João Guilherme Dayrell)
Todos podem nos encontrar
de qualquer lugar é fácil nos ver
as rotinas são quase sempre iguais
mundo acaba no mesmo viés
o interessante é parecer
O longe perto num instante
O próximo é tudo
que não se quer
E ir além é estar sempre
no mesmo lugar
E nada vai ser
enquanto não parar para ver
é quando eu aceito incorporar
E caminhar sobre o mesmo chão
É utópico todo silêncio
Traz sempre o extremo longe daqui
Nas suas rezas e caridades
A consciência tem pra onde fugir
E eu que agora vi você
É estranho olhar de perto
E não sabemos
nos entender
E ir além é estar sempre
no mesmo lugar
E nada vai ser
enquanto não parar para ver
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7. |
O Estrangeiro
05:49
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(Bruno Faleiro e João Guilherme Dayrell)
O impossível é o que eu mesmo vi
O absurdo que se pôs entre nós
Pra você é tão natural
Ainda que morra uma parte de mim
Procurar onde reside a culpa
É atrapalhar o meu andar
e é natural que eu queira ver
Uma história com o pior dos fins
E eu estranho as ruas em que eu morei
Estrangeiro o país em que me criei
É inerente todo o sofrer
Não me envergonho de tê-lo aqui
e nao importo em me esconder
Legitima a razão em mim
Se calam as palavras
Eu tenho nojo de pensar
E lembrar que eu acreditei
Que era possível acreditar
E eu estranho as ruas em que eu morei
Estrangeiro o país em que eu me criei
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8. |
1948
07:09
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1948
(João Guilherme Dayrell)
Veio a luz, teu rosto, pouca visão
As primeiras velas, o ontem, algum sermão
Todas as roupas do mundo serviam em mim
Até que o corpo caiu fora de si
Esta noite não sugeriu o sol
Para o que eu vou ser, não cabe o teu aval
e eles esperam para enquadrar a inadequação
Eu me tornei surdo depois de ouvir
Que os impérios já tem onde cair
Era só, com livros que tiram a cor
Os espelhos dos homens que não se vêem
Olhos cansados e as crianças no jardim
Que hoje sopram as últimas velas para mim
Eu me livrei de tudo que eu podia ser
Quando se é, não cabe qualquer aval
e se espelhar foi tirar um pouco de si
De onde vem que os céus irão se abrir?
O último homem ficará por aqui.
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